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O desenvolvimento da linguagem e uso de telas

Apesar de muitas pessoas acreditarem que a exposição a programas educativos na televisão e apps de celular pode ajudar no desenvolvimento da fala e da linguagem, elas estão enganadas.

Crianças muito pequenas não aprendem a falar dessa maneira. Para aprender a falar a criança necessita de interação com um outro ser humano e quanto mais os pais ou cuidadores conversam com os bebês, trocando informações e sentimentos desde os primeiros dias de vida, melhor e mais rápido eles desenvolvem a linguagem.

Com os aparelhos eletrônicos ligados ocorre menor interação entre as pessoas no ambiente, as pessoas falam menos e cada pessoa fica isolada em seu próprio mundo/celular. Além disso, crianças pequenas ainda não tem uma boa capacidade de conseguir separar a fala das pessoas do ruído ambiental. Ou seja, em ambientes ruidosos com uma televisão ou rádio ligado, a criança terá mais dificuldade no entendimento da fala das pessoas e isso pode prejudicar o desenvolvimento da linguagem. Essa percepção melhora gradualmente dos 5 aos 12 anos de idade, portanto, antes dos 5 anos o ideal são ambientes mais silenciosos.

Além de todo esse prejuízo para o desenvolvimento da linguagem o excesso de telas também favorece o sedentarismo e o sobrepeso e alterações visuais (como maior prevalência de miopia, diplopia e astenopia). Por conta do excesso de iluminação e estímulos, também há prejuízo do sono, com dificuldade para início do sono por redução da liberação de melatonina e por liberação de hormônios do estresse como o cortisol. Até mesmo o comportamento da criança fica alterado, com menor regulação, menor tempo de espera, menor atenção e maior irritabilidade.

Quais são as recomendações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) para a exposição a telas em crianças?

  • Menores de 2 anos: nenhum contato com telas ou videogames;
  • Dos 2 aos 5 anos: até uma hora por dia com supervisão;
  • Dos 6 aos 10 anos: entre uma e duas horas por dia com supervisão;
  • Dos 11 aos 18 anos: entre duas e três horas por dia.

Isso quer dizer que para estimular a fala da sua criança de até 2 anos o ideal é conversar com ela o máximo possível, de forma alta, clara, mais devagar e de forma melodiosa. Evitar ao máximo usar fala infantilizada e quando a criança falar alguma palavra errada devolver para a criança o modelo da palavra falada de forma correta. Evitar falar com a criança em ambientes ruidosos, desligar sons ambientes quando for conversar e brincar com a criança.

As causas do atraso de linguagem são variadas e merecem uma investigação detalhada e multidisciplinar, incluindo sempre uma avaliação auditiva da criança. Porém, em todos os casos deve-se realizar uma estimulação adequada para o desenvolvimento da linguagem em casa, o que inclui a redução do tempo exposto a telas e conversar e brincar com a criança o máximo de tempo possível.

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Dra. Ísis Rocha Dias Gonçalves

CRM SP 141025 - RQE 51191


Dra Ísis Rocha Dias Gonçalves é médica otorrinolaringologista com formação clínica e cirúrgica, com ênfase em afecções do ouvido e audição, com mais de oito anos de experiência na área. Por ser mergulhadora tem experiência em atender mergulhadores com queixas de barotrauma, dificuldades para equalizar e otites de repetição.

Na Santa Casa de São Paulo formou-se em medicina em 2009. Na mesma instituição em 2012 concluiu residência médica em otorrinolaringologia, em 2014 cursou sub-especialização em otologia e em 2016 defendeu mestrado em pesquisa em cirurgia. Membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial (ABORL-CCF).

Atualmente Dra Ísis Rocha Dias Gonçalves atua como otorrinolaringologista na clínica Otosalute e realiza cirurgias em hospitais conveniados. Trabalha em outros locais pelo SUS com reabilitação auditiva e otorrinolaringologia pediátrica.